Consumidores de energia solar do Rio de Janeiro poderão atrelar CPF em mais de uma conta de energia.

CPF em mais de uma conta de energia. Saiba mais.

O Governo do Rio de Janeiro sancionou na última semana, a lei 9.468/21, que permite que um consumidor de energia solar fotovoltaica tenha o CPF ou o CNPJ cadastrados em mais de uma unidade consumidora. A lei que é de autoria do deputado Jair Bittencourt (PP) foi sancionada pelo Governador Cláudio Castro, na última sexta-feira.

Além da novidade, o estado terá a isenção do ICMS para os contribuintes com microgeração ou minigeração distribuídas de energia fotovoltaica e que injetam na rede elétrica o excedente da produção energética dos seus módulos.  Essas normas valerão para áreas residenciais e rurais.

“A instalação e adaptação de sistemas de energia solar em mais de um imóvel contribui para a economia com redução de custos, além da inegável vantagem ao meio ambiente”, justifica o deputado Jair Bittencourt.

De acordo com a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), o Rio de Janeiro está na sétima posição no ranking dos estados brasileiros em produção de GD (Geração Distribuída).

COP26: Conheça ações que estão transformando o meio ambiente.

Sustentabilidade é vista como oportunidade para empresas

De acordo com pesquisa do Instituto de Tecnologia e Sociedade/Ibope, 72% dos brasileiros acreditam que a crise do clima pode prejudicar severamente a geração atual. E assim como as negociações na COP26, em Glasgow, acontecem para que países se esforcem para diminuir os impactos do aquecimento global, empresas brasileiras também querem mudar o cenário.

Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Instituto FSB, projetos de sustentabilidade são vistos como oportunidade para 94% dos executivos de companhias nacionais. E 98% já adotam pelo menos uma ação.

As principais são voltadas para evitar o desperdício de água (91%), energia (91%) e gestão de resíduos sólidos (91%). Ações maiores, como o reflorestamento (33%), ainda são tímidas, mas já fazem a diferença.

A Suzano, por exemplo, uma indústria de papel e celulose, prevê conectar 500 mil hectares para a preservação nos biomas Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia. A empresa reuniu profissionais do setor público, privado, ONGs e universidades para colocar em prática o projeto de conservação.

Já a Vivo, que tem uma trajetória sustentável desde o Acordo de Paris, em 2015, acredita que a transparência com a sociedade ajuda a atingir as metas relacionadas ao meio ambiente. De acordo com a executiva de sustentabilidade do grupo, Joanes Ribas, a pressão também precisa vir dos consumidores.

“A partir do momento que a empresa se posiciona no mercado, tem metas, está reduzido, está gerando valor, a sociedade também tem que pressionar outras empresas a olharem para isso”, disse Ribas à CNN.

 

Caixa Econômica vai financiar compra de placas solares para residências.

ECONOMIA

A Caixa deve lançar no mês que vem um programa destinado a implantação de energia solar nas residências brasileiras. O Caixa Energia Renovável vai financiar a aquisição de placas solares com juros de 1,17% ao mês, disse o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, ao programa Brasil em Pauta deste domingo (12). “É a menor taxa de crédito”, disse Guimarães.

O financiamento poderá ser contratado por meio do celular, pelo aplicativo Caixa Tem. Ele terá carência de seis meses e cinco anos para o pagamento.

Guimarães falou de outra iniciativa voltada à sustentabilidade: o Caixa Florestas. Por meio desse programa o banco pretende investir R$ 150 milhões para patrocinar a plantação de 10 milhões de árvores em cinco anos. Segundo o presidente da Caixa foram selecionados quatro projetos. Serão 4 milhões de árvores, 5 mil nascentes, e 4 milhões de pessoas sendo beneficiadas.

“Quando nós mantemos as florestas ou as nascentes, a população que vive no entorno [dessas áreas] se beneficia diretamente”, disse ele.

Pedro Guimarães também falou sobre a abertura de 268 agências da Caixa no interior do Nordeste. Ele destacou que o banco vai na contramão dos demais, que estão fechando postos, porque abre agências em locais de difícil acesso, onde nenhuma instituição chega. Também comentou sobre o crescimento da Caixa no agronegócio, sobretudo no segmento de baixa renda, no caso o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

 

Conta de luz vai subir 21% em 2022 por causa de rombo da crise hídrica, prevê Aneel.

O aumento do preço da energia, somado à alta dos combustíveis e do gás de cozinha, são os fatores que mais afetam a inflação no país.

O aumento no preço da conta de luz não dará trégua ao consumidor no ano que vem. O reajuste que documentos oficiais do governo e do próprio setor elétrico preveem é superior a 20% em 2022, uma alta que vai turbinar ainda mais a inflação e corroer a renda do cidadão.

“Nossas estimativas apontam para um cenário de impacto tarifário médio em 2022 da ordem de 21,04%”, diz o texto. Considerando dados da própria Aneel, o reajuste acumulado neste ano só para o consumidor residencial chega a 7,04%, ou seja, o aumento projetado para o ano que vem praticamente triplica a alta de 2021. Em 2020, o aumento médio foi de 3,25%.

Nos últimos meses, cada consumidor de energia tem bancado, mensalmente, o custo pesado das chamadas “bandeiras tarifárias”, uma taxa extra que é incluída na conta de luz para pagar o acionamento das usinas térmicas, que são bem mais caras que as hidrelétricas. Isso tem ocorrido por causa da falta de chuvas e do esvaziamento dos principais reservatórios do país.

Uma das principais razões de se fazer essa cobrança mensal do consumidor é evitar que essas contas fossem pagas depois, nos reajustes anuais, como acontecia antes. Ocorre que nem mesmo as bandeiras tarifárias têm conseguido cobrir o rombo atual.

Após analisar as projeções de geração de energia e os custos previstos – incluindo informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) -, a área técnica da agência reguladora concluiu que, até abril de 2022, as “melhores estimativas” apontam para um rombo de RS 13 bilhões, “já descontada a previsão de arrecadação da receita da bandeira tarifária patamar escassez hídrica no período”, ou seja, o nível mais alto de cobrança da taxa extra.

O acionamento de tudo quanto é usina térmica no País não é o único fator que explica o rombo financeiro do setor elétrico e que terá de ser quitado pelo cidadão. Outra fatura estimada em mais R$ 9 bilhões que será paga pelo consumidor tem origem nas contratações “simplificadas” de energia feitas pelo governo no mês passado. Trata-se de uma “energia de reserva” que será entregue a partir de maio do ano que vem, para dar mais segurança e evitar o racionamento.

Os reajustes são puxados ainda pelo aumento de importação de energia, por meio de contratos firmados com Argentina e Uruguai. Como os reajustes de tarifas são feitos anualmente pela Aneel, após analisar os custos de cada distribuidora de energia do País, o porcentual de aumento varia de Estado para Estado.

O aumento do preço da energia, somado à alta dos combustíveis e do gás de cozinha, são os fatores que mais afetam a inflação no País e massacram a renda da população, porque seus impactos são disseminados em todo tipo de consumo, seja das famílias ou de empresas.

 

JF tem aumento de mais de 80% na procura por energia solar

Alternativa pode reduzir a conta de luz em até 95% e tem se tornado opção para muitos moradores e empresários da cidade

A crise hídrica que atinge parte do Brasil é resultado da maior seca em 91 anos, segundo o Ministério de Minas e Energia. A falta de chuvas e a baixa nos reservatórios impactam diferentes setores da economia, mas atingem de forma mais acentuada a conta de luz de milhares de brasileiros. Em momentos como este, a necessidade de se investir em fontes alternativas às hidrelétricas se mostra ainda mais urgente. Para escapar da constante alta na tarifa, uma opção que tem crescido, inclusive em Juiz de Fora, é o uso da energia solar fotovoltaica.


Na cidade, segundo dados da Secretaria de Obras da Prefeitura (PJF), na primeira quinzena de agosto de 2021, foram conectadas 327 novas usinas fotovoltaicas, o equivalente a 87% do total de novas conexões feitas em todo o ano de 2020 no município. O número é maior que o contingente de usinas instaladas em 2019. Atualmente, o município possui 1.474 imóveis que utilizam a energia solar para redução da conta de luz, com 1.150 usinas fotovoltaicas instaladas no total.

Segundo uma diretora de empresa de energia solar Mirele, a procura pela instalação de painéis solares em Juiz de Fora dobrou nos últimos anos. Ela explica que o único critério para aderir a esse tipo de energia é que a residência ou empresa possua um espaço adequado com incidência solar que comporte as placas.

De acordo com Mirele, existem dois tipos de sistema de geração de energia fotovoltaica, um deles, e o mais comum a ser instalado, é o que fica conectado na rede elétrica da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), no qual o excedente de energia produzido é injetado na rede da companhia e vira um crédito de energia. Ao fim do mês, o consumidor paga para a empresa ou recebe dela a diferença entre o que injetou na rede e o que usou. “Com esse tipo de geração, você reduz muito sua conta, só não fica 100% independente da Cemig, porque, caso caia a luz, ou algo assim, o sistema desliga também”, explica. No outro caso, é possível ficar totalmente independente das distribuidoras de energia, porém, é muito mais caro. Isso porque necessita da instalação de baterias armazenadoras de energia, o que, segundo Mirele, ainda não é viável para a maioria dos consumidores.

Economia

A possibilidade de reduzir a fatura em até 95% foi o que motivou o empresário Lanusse Pereira Sales a aderir o uso da energia solar. Lanusse, que é proprietário do Supermercado Sales e Moura, afirma que, antes da instalação dos painéis de energia solar, pagava, todo mês, cerca de R$ 7 mil de conta de luz. “A princípio, o investimento que temos que fazer é alto, mas como nossa conta de luz é um absurdo, em pouco tempo a gente tem um retorno financeiro muito bom, que permite baratear o nosso custo e ficar mais competitivo no mercado.”

No caso dele, foram instalados 90 painéis solares nas estruturas do supermercado, algo que, de acordo com Lenusse, reduziu a conta de luz em mais de 40%. “Como aqui no prédio não coube todos os painéis que eu precisava, eu, recentemente, decidi investir em mais 100 placas solares que coloquei em um prédio no bairro vizinho. Com esse novo investimento, eu espero baixar minha conta de luz para menos de R$ 1 mil. Vale muito a pena! Com um investimento de R$ 220 mil (para aquisição de 190 placas), eu espero ter um ganho de R$ 7 mil por mês. E não tem nada que você invista esse valor para ter um retorno desse.”

No teto deste supermercado, foram instalados 90 painéis solares, outras 100 foram colocados em um prédio no bairro vizinho. O investimento provocou uma redução de 95% na conta de energia do estabelecimento (Foto: Fernando Priamo)
Alto custo e investimento a longo prazo
Os benefícios da energia fotovoltaica são diversos, porém, o alto custo de entrada faz com que essa alternativa não seja viável para a maioria dos brasileiros. Como explica Mirele, a instalação dos painéis solares não envolve somente o valor por painel, mas uma série de outros materiais necessários para executar o processo.

Além do painel, que vai de fato gerar a energia, é preciso adquirir o inversor, aparelho usado para converter a energia solar, que chega ao imóvel em corrente contínua, para a energia que será usada pelo consumidor para ligar a televisão ou esquentar a água do chuveiro, por exemplo. Fora isso, há toda a estrutura para fixar os painéis e a própria elaboração do projeto. Segundo Mirele, projetos pequenos podem custar a partir de R$ 9 mil, mas, dependendo do consumo do cliente, o investimento pode variar de R$ 30 mil a R$ 50 mil.

Para o economista Fernando Perobelli, a discussão sobre o investimento em energia solar necessita de muita cautela, visto que é uma questão de médio a longo prazo. “Você vai investir um valor alto, inicialmente, e ter um retorno em três, quatro ou cinco anos. Temos que fazer essa análise de uma forma muito cautelosa, porque, se pararmos para pensar nesse valor de R$ 9 mil reais, quantas pessoas têm condição de fazer esse investimento?”

Geração sob medida

Um outro modelo permite que a residência, ou empresa, faça uso da energia solar, mesmo que não tenha estrutura suficiente para abrigar as placas, ou não possua o capital em mãos para fazer o primeiro investimento. Esse tipo de modelo oferece uma redução de até 20% no gasto com energia elétrica, sem qualquer investimento, visto que o proprietário realiza um aluguel das usinas da empresa.

Luiz Sigiliano, diretor comercial de empresa do ramo, que oferece esse tipo de serviço em Juiz de Fora, explica que o cliente aluga a energia gerada pelos painéis solares da empresa, instalados em outra localidade. “Por exemplo, se antes ele pagava R$ 10 mil em conta de luz para a distribuidora de energia, com o nosso desconto ele vai pagar apenas R$ 8 mil no aluguel. Essa economia de R$ 2 mil reais vem sem que ele tenha investido nada.”

Atualmente, a Arion atende apenas empresas e tem tido um bom retorno. Só em 2021, a empresa apresentou crescimento de 38% na procura pelos serviços, um aumento que veio após um ano de alta. Sigiliano atribui essa maior procura ao crescimento geral que a energia fotovoltaica vem tendo no Brasil, com mais pessoas se interessando e descobrindo as economias geradas por ela.

Ele ainda ressalta que as possibilidades para investir são diversas. Além da opção pelo aluguel da energia, há também empresas bancárias que oferecem linhas de crédito exclusivas para o investimento em painéis solares. “Hoje em dia alguns bancos pedem apenas o próprio equipamento como garantia para o financiamento. Para quem não tem o dinheiro em mãos para fazer o primeiro investimento, mas tem acesso ao financiamento, é um ótimo negócio. Muitas vezes você paga o financiamento com a própria economia gerada pelo uso da energia solar ou, pelo menos, chega muito perto disso. Você investe muito pouco em um sistema que tem garantia de performance por 25 anos.”

As vantagens da energia solar também conquistaram o comerciante Gilberto Coelho, proprietário da Panificadora Lua de Mel. De acordo com ele, antes da pandemia, a empresa tinha feito um orçamento para instalação de painéis solares, investimento que não foi adiante devido ao alto custo e a falta de espaço para instalar todas as placas. “Com a chegada da pandemia nós tivemos um corte de gastos e ficaria inviável investir nos painéis solares. E também a padaria não tinha estrutura para cobrir todo meu consumo. Eu precisaria de um espaço de 600 m², o que eu não possuo aqui”.

No entanto, a opção pelo aluguel da energia atendeu todas as suas disponibilidades. De acordo com ele, nos últimos três meses, tempo em que faz uso da energia solar, a economia de 20% tem rendido um crédito de cerca de R$ 1.600 ao mês. “Esse valor cobre o salário de um funcionário. Além de que essa economia chegou em boa hora, visto todo corte de gastos que tivemos no último ano”, conta Gilberto.

Nesta panificadora, a opção pelo aluguel da energia, adotado há três meses, promoveu uma economia de R$ 1.600 ao mês. “Esse valor cobre o salário de um funcionário”, comemora o proprietário (Foto: Arion/Divulgação)
Projeto de política pública
O Brasil é um dos países mais cotados para o uso das chamadas energias alternativas, porém, nossa matriz energética ainda é pouco diversificada. Atualmente, 63% da capacidade de geração de energia no Brasil são provenientes das usinas hidrelétricas, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), disponibilizados pelo Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O Gesel ainda aponta que o restante da capacidade de geração do Brasil é distribuído em 13% de usinas térmicas, 11% de plantas eólicas, 3% de painéis solares, 8% de usinas à biomassa e pouco mais 1% relativo às duas usinas nucleares.

Essa pouca diversidade na matriz energética contribuiu para que, desde julho, o consumidor começasse a sentir no bolso os impactos da crise hídrica. Nesse período, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) elevou em 52% a bandeira vermelha 2, taxa inserida na conta de luz quando há crescimento no custo da geração de energia no país. Com isso, o valor de 100 quilowatts-hora (kwh) saltou de R$ 6,24 para R$ 9,49. Um maior aumento foi anunciado no dia 31 de agosto, quando o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em pronunciamento, comunicou um novo reajuste – em setembro, a tarifa passou a ser de R$ 14,20 para cada 100 kwh consumidos.

Para o economista, é em momento de crise que se acentuam discussões acerca de infraestrutura, visto que, os mais atingidos por essa variação de preço, é a população mais pobre do país, esta que não teria condições de realizar um alto investimento na instalação de painéis solares. “O processo de energia solar deveria ser uma política pública social. Porque, se fizermos as contas, o que vale mais, ter uma tarifa social ou um programa de implantação de energia solar no Brasil? São justamente as famílias que ganham até dois salários mínimos, e que são maioria no Brasil, que não têm condições de fazer a implementação desse tipo de energia (solar) se não houver um subsídio do Governo. Hoje, a energia solar não é um bem de amplo acesso à população, é um bem de acesso restrito dado seu custo de entrada.”

Radiação média de Juiz de Fora é maior que a da Alemanha
O professor e coordenador do Departamento de Engenharia Elétrica e coordenador do Laboratório Solar Fotovoltaico (Labsolar) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), André Ferreira, afirma que o Estado de Minas Gerais, como um todo, possui um bom potencial para a instalação de usinas solares. “A região Norte do estado de Minas é a mais apropriada, apresentando uma radiação média que varia entre 5,5 kWh/m² e 6,5 kWh/m². Em Juiz de Fora, a radiação solar média é de aproximadamente 4,5 kWh/m².”

Ele ainda aponta que a radiação média de Juiz de Fora é maior que a da Alemanha, que é de aproximadamente 3 kWh/m², país que é líder em energia solar per capita e vem investindo desde o início dos anos 2000 em incentivos fiscais para o uso de energias renováveis. “É possível verificar que a microgeração solar fotovoltaica na cidade e região é um bom investimento, muito melhor que aplicações financeiras conservadoras ou aluguel de imóveis”, afirma André.